Depois de Ver... Se Era um Sonho.
Sabe aquela tarde? A música, o sorvete, a camiseta, os lábios, os cheiros, os beijos? Sabe?? Acho que nunca aconteceu. Terá sido um breve devaneio, um sonho, uma utopia?
Esteve só por todo tempo, alucinando coisas belas, planejou sozinho futuro a dois, envolveu o vazio com os braços, beijou a própria mão. Seria trágico se não fosse cômico, deprimente.
O cheiro nos lençóis, a camisa jogada ao chão? Terá sido mesmo um sonho? Será mesmo que alucinei aquelas risadas, aqueles olhares?
Foi doce, mas foi um doce sonho que, o laranja por do sol, levou consigo. E a noite, ao sentar na varanda, olhando o horizonte e pensando sobre o que tinha ocorrido.
Viu os belos pássaros, sentados no muro ao lado, inquietos e doces. Tinha ficado ali toda à tarde, olhando pela janela. Podiam ser testemunhas do que ocorrera. Seriam eles que me provariam que tudo tinha ocorrido e que nada fora fantasia. Estavam ali, sentados, como se contemplassem de forma diferente a beleza do mundo.
Fez menção de abrir a boca e perguntar, quando o sorriso se desfez, viu voar os pássaros tão rápidos que não soube dizer se voltariam.
Ficou só, com sua dúvida e um violão. Pôs-se a cantar.