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Depois de Ver... A Saída do Paraíso

  • Foto do escritor: Marcello Souza
    Marcello Souza
  • 27 de abr. de 2016
  • 2 min de leitura

Há um certo simbolismo na história bíblica de Adão e Eva. Eles foram expulsos do paraíso por saber. Isso mesmo, por saber. Então, de algum modo a religião cristã encara o saber como algo negativo, como o mal.

Qual é o mal de saber? Qual o problema em saber, que fez Deus os renegar apenas por terem adquirido conhecimento?


O saber sempre foi visto como uma poderosa arma, desde o início dos tempos. O conhecimento sobre o meio, sobre si e sobre o outro, proporciona de maneira singular a divisão da sociedade, desde os primórdios. É fato que aqueles que detiveram primeiro domínio (leia-se conhecimentos) sobre o fogo, tiveram vantagens na sobrevivência no mundo pré-histórico.


A questão chega quando o conhecimento passa de apenas uma vantagem, para ser uma ferramenta da opressão. O que o opressor menos espera é que o oprimido saiba. Não querem nem ao menos que saiba que é oprimido. Este conhecimento por si só, já gera um descompasso na hierarquia.


Somos todos Adão’s e Eva’s, sendo expulsos do paraíso que é a infância, quando passamos a conhecer. E passamos a ter a ciência do bem e do mal, quando perdemos a inocência, comum da idade, tudo ganha mais e mais sentidos. A partir daí, nada será como antes.


Somos tirados do conforto de um mundo conhecido, calmo, pragmático e simples. E jogados no olho do furacão, nas inquietações causadas pelo conhecimento. Se é lançado a um infinito de dúvidas, de incertezas, em um mar de agonias onde cada saber, gera uma imensidão de possibilidades.


Porque o conhecimento liberta. Mas além disso ele nos responsabiliza por nossos atos, pelas consequências dele. E quase nunca é confortável ter escolhas a mão, ter responsabilidades. É muito mais fácil ser guiado, ser ovelha.


Na Alegoria da Caverna, Platão observava o quanto era cômodo se manter com seus velhos conceitos, se manter preso de frente para a parede apenas tentando interpretar as imagens do mundo lá de fora. E mostrava o quanto é difícil se encaixar nos moldes anteriores pré-estabelecidos, quando se expande seu próprio mundo. Ou seja, o quanto é difícil conseguir acesso de volta ao “paraíso” da caverna, quando conhece a realidade e faz uma leitura mais próxima do mundo.


Mas engana-se quem considera os livros como a única fonte de saber. O Paulo Freire, já falava que a leitura do mundo é tão ou mais importante que a leitura das palavras. É preciso experiência dos mais diversos olhares e nuances do mundo e agir de forma ativa, reflexiva e crítica para com este conhecimento.

As “imagens” criadas pelas culturas e informações que recebemos durante toda a vida é tão mais cômoda e simples. E não é fácil romper com estes velhos paradigmas, pessoais e sociais com os quais lidamos diariamente. É preciso ter coragem e boa vontade para sair do paraíso, é preciso coragem para crescer.

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