Depois de Ver... A Transfiguração.
Ela sempre foi dada ao céu.
Desde criança adorava olhar nuvens e o que elas formavam. Sonhava o dia em que estaria entre elas.
Na primeira vez que voou de avião, em viagem com a família, seus olhos brilhavam de alegria.
Já adolescente, seus desejos pelo céu só aumentaram, passava horas ouvindo música deitada no telhado.
Escalava a parede do fundo da casa até alcançar o telhado, deitava-se sobre ele, com seus fones de ouvido e ali ficava por horas.
Só olhando o céu azul e as aves.
Certo dia percebeu que algo surgia em seu corpo. Eram asas.
Passou a entender o que as aves cantavam. Seus olhos conseguiam ver mais longe.
Novos sonhos e desejos lhe passavam a cabeça.
Não demorou muito e foi se desfazendo o seu corpo como o conhecia. Foi se tornando dezenas de aves.
Eram muitas, de todas as formas, espécies e cores.
Só então voou. Pela primeira vez de verdade, voou.
Com as próprias dezenas de asas, voou.
Tanto e tão alto que ultrapassou as nuvens e chegou as estrelas.
Quando o bando passou, o barulho das asas era ensurdecedor.
O vento delas avassalava e arrastava tudo por onde passava.
Era lindo, ver o belo arco-íris de aves a riscar os céus.
Quando ele viu, havia ela em todo lugar.