Depois de Ver... Qualquer Lugar.
Jaime estava ali, parado na calçada. O seu olhar perdido, não combinava com todo o conhecimento que tinha sobre onde estava. Morava ali a anos, passara, praticamente todas a sua vida, naquela região. Conhecia cada rua com as falhas da sua barba. Mas ainda assim, seu olhar era perdido.
Estendeu as mãos em direção à rua e gritou como os clichês de filmes “holiudianos”: “Táxi”.
Um táxi, parou, ele entrou e sentou-se no banco de trás. O motorista olhou sério pelo retrovisor e esboçou um “boa tarde”. Os segundos de silêncio que seguiram o boa tarde foram suficientes para irritar o motorista, que olhava impaciente para o passageiro que insistia em não responder a pergunta não feita: “para onde?”. Carregado de tédio e cansaço na voz, o taxista verbalizou a pergunta e esperou pela resposta de Jaime.
Ele olhou para os lados, para as ruas que tanto conhecia e falou: “Qualquer lugar”.
O taxista ligou o taxímetro e pôs o carro em movimento e parou na outra quadra, a 10 metros de onde tinham vindo, desligou o taxímetro e olhou calmamente para Jaime dizendo: “Chegamos”.