Depois de Ver... Os Moldes Culturais.
Como pode-se tentar ousar criar conteúdo diferente dos modelos distantes de sua realidade presentes hoje em dia? É difícil se desprender destes moldes, sendo que as únicas referências que se tinha até então são engessadas e duras. Toda e qualquer tentativa de mudança é encarada como rebeldia, e são muitas vezes “assassinadas” antes mesmo de se maturarem. Nos dias atuais se vive um estágio de rompimento, de transição, de mudança, no qual muito se tem que lutar para abandonar os velhos conceitos e posturas adotados até então. As crianças são o principal foco e a força motriz destas mudanças. Há de se tentar apoiar essa nova fase do pensamento humano na qual a capacidade de procurar e traçar conexões é mais importante do que a capacidade de memorizar ou decorar. Sei o quanto é difícil essa compreensão para todos aqueles que foram criados (e formados) vendo a importância de decorar todo tipo de informação, sobretudo na escola. O sociólogo e escritor Zygmund Bauman em uma entrevista* no final de 2014 afirmou que é possível que estejamos vivendo em pleno ápice de uma revolução cultural/ideológica, e não nos damos conta. Que é possível que no futuro vão falar dos anos presentes como falamos hoje de rupturas sentidas no passado, como a revolução industrial. Como é difícil perceber que estamos viajando no espaço a milhares de Km/h sendo que em nosso ponto de vista estamos parados. A relação é mais ou menos a mesma, podemos estar atualmente no olho do furacão sem sentir um vento sequer. E é bem provável que este seja apenas o início da tempestade. Com essa lógica pode-se pensar que estão sendo criados novos modelos culturais, quando o foco é justamente outro. É a desconstrução dos modelos existentes. É tornar o meio, volátil o suficiente para que possamos conviver com a existência de vários modelos. É a desconstrução, reconstrução e criação de modelos torna-se cada vez mais efêmera e orgânica. Porém, romper com este ciclo é uma tarefa árdua, sobretudo para os mais velhos. Os jovens já conseguem conviver com todas estas quebra e reconstrução constante de paradigmas, com maior facilidade. Provavelmente por já nasceram em um mundo onde as mudanças são naturais. O que, a priori, pode parecer apenas conflito de gerações, pode tratar-se, na verdade, do florescer de uma nova sociedade. É aguardar para ver. De preferência, tentando protagonizar estas mudanças. * É possível ler a entrevista de Bauman na integra aqui: http://www.fronteiras.com/entrevistas/zygmunt-bauman-e-possivel-que-ja-estejamos-em-plena-revolucao