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Depois de Ver... Que Todo Mundo é uma Ilha.

  • Foto do escritor: Marcello Souza
    Marcello Souza
  • 9 de jun. de 2016
  • 3 min de leitura

Tem um velho ditado árabe que diz: “O que acontece uma vez, pode não acontecer duas vezes. Mas o que acontece duas vezes. Certamente acontecerá uma terceira. ” Isso diz muito sobre a nossa essência humana. Até nossas dores cotidianas passam a ser mais toleráveis quando são frequentes. Nos acostumamos tanto com o mundo que nos cerca que passamos até a não ver.


A alta exposição a um elemento, pode gerar insensibilidade. É possível fazer um teste simples, imagine você caminhando no shopping e se deparando com um morador de rua deitado no canto. É o que ocorre com a invisibilidade dos moradores de rua, a presença deles é tão comum e familiar que não nos causa mais estranheza. Mas se por ventura ele for inserido em um ambiente ao qual não é rotineiro (como um shopping) passa a se destacar e a chamar atenção.


O excesso de informação também pode nos cegar para umas tantas coisas. É um desafio enfrentado pela publicidade, pois com o excesso de outdoors, placas e luminosos na rua, passamos a não ver (ou prestar atenção) a nenhum deles. Mas é também um desafio para as pessoas no cotidiano, conseguir obter conhecimento neste punhado de informações que se tem, de todo lugar e a todo tempo.


Isso se chama saturação. Ocorre o mesmo com nossos olhos quando ficamos exposto a uma cor (ou luz) por algum tempo. Ele passa a colocar uma sombra, com a cor complementar, sobre a luz a qual somos expostos e passamos praticamente a não ver aquela cor.


O que ocorre com a nossa psique é que passamos a ser menos sensibilizados com o que vemos com maior frequência. Mas qualquer coisa fora do padrão, volta a se destacar. O perigo que mora nesse processo é que assim, pode-se passar a considerar o que é comum como certo. E daí até passar a praticar ou defender tal ato basta apenas uns passos.


Daí a proibição de certo tipo de filme, para crianças e adolescentes. O adulto, no geral tende a conseguir diferenciar melhor algo que por mais que seja comum de ver, continua sendo certo. Já a criança que ainda não tem seu senso moral totalmente desenvolvido pode vislumbrar isso como normal e internalizar a violência, por exemplo, como algo correto. Para muitos adultos pode parecer ridículo, mas assim com as crianças veem o Papai Noel como algo que existe. Filmes e desenhos para elas também são retratos da realidade, ainda que você diga o contrário.


Saramago em um de seus contos fala que “é necessário sair da ilha para ver a ilha”, ou seja, deve se ter uma avaliação crítica e tentar olhar o macro da situação. Em compensação, eu completo, é preciso entrar na ilha para conhecê-la de verdade. Não é possível avaliar com clareza e cuidado a pele dos habitantes da ilha se não se colocar na pele deles. E ainda assim, seria uma visão superficial, pois apenas quem viveu na ilha toda uma vida pode ter uma ideia dos benefícios e dificuldade que a ilha representa.

Daí a provocação que quero fazer. Com isso, instala-se um paradigma, quanto mais se olha para algo, menos se vê, em contraposição, só se consegue conhecer realmente algo olhando cada vez mais. Portanto, se distanciar em certos momentos pode ser necessário para não nos tornarmos insensíveis ao mundo que nos cerca.

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