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Depois de Ver... Meu Maior Presente

Sempre fui meio social. Lembro de um aniversário, devia ser o de 12 ou 13 anos. Em que ganhei o direito de escolher meu presente. Corri nervoso para o mercado da cidade para escolher o meu presente. Como filho único de poucos e próximos amigos. Sabia bem o que era brincar sozinho. O que me encheu os olhos? Um supercarro de controle remoto. Era uma Ferrari vermelha que cabia exatamente no valor máximo que tinha para a compra do presente.


Com um controle que permitia se afastar até 20 metros do carrinho, alcance de velocidade de incríveis 7 km/h, a Ferrari era o sonho de consumo de milhões ao redor do mundo, e aquela luxuosa máquina em miniatura era o de centenas, talvez milhares de criança. Inclusive daquela, o pequeno eu.


Mas sabe o que? Comprei, com o mesmo valor da Ferrari, 3 pequenos carros, também de controle, mas com fio de pouco mais de 60cm, que nos forçava a andar junto ao carro. E corria? Corria, a incrível velocidade 2km por hora, só isso.


Mas ele fazia o que o outro não permitia, brincar com os amigos, de igual para igual. Mas ai me perguntam, “o aniversário não era seu?”, “você não poderia ter emprestado a eles a Ferrari, para eles também brincarem?”. E a resposta é simples, podia, mas não o fiz. Preferi partilhar aquele momento com eles de forma efetiva e completa.


Mas não se engane, não fiz meramente por motivos nobres e maravilhosos, é que sempre fui meio solitário. E isso me fez ser ao mesmo tempo independente, mas preocupado com o bem-estar dos que me rodeiam.

Não era questão de comprar amizades, sempre tive amigos independentemente do dinheiro, que nunca tivemos muito. Era questão de multiplicar a felicidade, através da felicidade de todos.


Quando um só sorriu, a piada não foi adequado. Quando um só come em meio a muitos, por mais que este coma bastante e esteja satisfeito, não há comida suficiente.


Hoje fico feliz com a lembrança do pequeno Marcello, correndo, brincando e compartilhando o mundo. Que por mais que às vezes pareça ser em minha cabeça. Nunca foi só meu.

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