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Depois de Ver... Branca dos Mortos e os 7 Zumbis


Sinopse: “Branca dos Mortos e os sete zumbis, clássico underground do escritor e roteirista Fábio Yabu é reeditado pela Globo Livros e ganha um conto inédito “Você acredita em contos de fadas?” Pergunta Eduardo Spohr no prefácio. E continua, “Alguma coisa me diz que até o final deste livro você passará a acreditar”. Para que o feitiço Yabu dê certo, é necessário que esqueça tudo o que você sabe sobre contos de fadas. Branca de Neve não é apenas uma jovem ingênua, mas também uma implacável caçadora de zumbis. Cinderela guarda um terrível segredo, que selará seu destino para sempre. Rapunzel está longe de ser uma reles menina isolada numa torre. E a morte da Pequena Vendedora de Fósforos revela uma tradição macabra de morte e psicopatia que vai muito além de uma inocente história infantil. Em Branca dos Mortos e os sete zumbis, Fábio Yabu resgata a tradição clássica dos contos de fadas dos irmãos Grimm e de Hans Christian Andersen, onde as histórias, mais que um simples entretenimento, servem como lições para moldar o caráter das crianças, na maior parte das vezes por meio do medo. Aqui, não há meias-palavras nem eufemismos. O mundo encantado de Yabu é atormentado, sombrio e com altas doses de tensão sexual. Protagonizadas por personagens dos contos de fadas, revelam facetas nunca antes imaginadas de suas personalidades. Além disso, os doze contos que compõem Branca dos Mortos e os sete zumbis formam uma narrativa não-linear que culmina num desfecho aterrorizante. Um livro para ler com as luzes acesas. Bons sonhos.”



A narrativa simples e quase infantil, com pouca descrição de cenários e saltos no tempo muitas vezes utilizado para suprimir conteúdo. O objetivismo do autor em contar sua história acaba por pecar em não aprofundar na composição dessa intrigante versão dos contos de fadas como conhecemos.


Ainda assim a bagunça cronológica é o maior destaque do livro, bem como a brincadeira de gato e rato entre autor e o leitor. O autor tentando esconder os personagens e ideias tão incrustadas no imaginário popular, e dá-las nova roupagem e o leitor tentando identificar cada fato e fazer as devidas ligações entre os contos.


A evolução da escrita ao longo do livro é clara. Saltando de um texto simplório bem comum as fabulas infantis até chegar em descrições grotescas de sexo, tortura e violência. Porém, a falta de desenvolvimento dos personagens e a inconstância das suas ações são talvez uns dos poucos pecados do livro. Talvez a imprevisibilidade dos personagens seja o principal atrativo do livro. Praticamente todos os plot twists são dados por essa premissa. Sendo um argumento de roteiro, repetido exaustivamente ao longo da obra. O que me incomodou um pouco, pois as viradas não era um desenvolvimento do roteiro propriamente dito e sim ações aleatórias de um personagem mal desenvolvido.


O conto introdutório, que dá nome ao tomo, quase chega a destoar em qualidade de ideias e escrita, de todo o resto. Como destaques, cito “Cindehella e o Sapatinho Infernal” e “Samarapunzel”, ambas pelo apelo gore e descrições de cenas escatológicas. Em “O Monstro”, talvez como a melhor obras dentro do volume, ele apela para uma narrativa em forma de poema e uma revelação que traz o conto para dentro do contexto do universo apresentado ate então.


Outro ponto a se levantar é a inversão do conceito de contos de fada. Exceto talvez por um ou outro conto como o “João e Maria” e “A Vendedora de Fósforos e o Vingador”, poucos são os contos que apresentam algum tipo de lição de moral, tão característico desse tipo de leitura. Mesmo uma lição deturpada, seria interessante para trazer características do gênero.


É evidente que, a amplitude do universo criado pelo Fábio Yabu e a dinâmica atemporal e segmentada do livro, permite que continuações sejam realizadas. E seria uma pena se isso não ocorresse. Há tantas lacunas de tempo e desenvolvimento de personagens no universo, que ainda caberia muitas criações nesse mundo macabro da mente do Fábio Yabu.


Por tantas atrocidades e violência no livro, seria irônico dizer que é uma leitura agradável. Mas, no geral é exatamente o que ele é, uma leitura agradável e diferente, uma excelente escolha para aquele intervalo entre livros densos, para o iato das séries favoritas ou mesmo para uma tarde chuvosa nas férias. Fica ai a recomendação para Branca dos Mortos e os 7 Zumbis.

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