Depois de Ver... Na Minha Pele
- Marcello Souza
- 15 de out. de 2018
- 2 min de leitura
Lázaro Ramos é uma figura conhecida do cenário nacional, seja por seu excepcional trabalho como ator, seja por seus posicionamentos a respeito do negro no Brasil e no mundo. O ator, apresentador, diretor e escritor baiano, tem sua primeira obra lançada sobre um nome sugestivo, ‘Na Minha Pele’. Nela, ele trata de relatos pessoais, reflexões e questionamentos, e contra um pouco de sua trajetória desde o nascimento na Ilha de Paty, que fina na baia de Todos os Santos, na Bahia, até conquistar os palcos e as telas. Isso sem deixar de passar por partes importantes como a descoberta de sua negritude e a paternidade.

A capa, em tempos de mídias sociais (selfies, redes sociais e imagem), é um convite à parte para que o leitor se veja literalmente completando a obra, sendo a outra metade que falta para completar esse Lazaro, tão pouco visto nas grandes mídias, mas tão presente para os que acompanham seus trabalhos fora do mainstream, como os anos na direção de “Espelho” no Canal Brasil.
Em seu livro, misturando um tom biográfico com crítica social, em um misto de bate papo e confissão, a leitura flui de forma simples, porém deixa a possibilidade para o leitor se aprofundar nos conteúdos através da referências e dados apresentados.
Mostrando a visão de vários profissionais de diversas áreas, Lazaro busca debater questões como ações afirmativas, discriminação, classes e privilégios. O livro nos fala muito sobre o Brasil e o mundo atual, com heranças históricas tão complexas, e muitas vezes até negadas.
Mesmo sendo um negro em exceção a grande maioria, Lázaro ciente dos seus privilégios, aborda de forma muito lúcida a situação do negro no país. Falando de racismo, de pobreza de feminismo sem ser panfletário, e ainda assim sem deixar de apresentar um mundo de significados. Recomento o livro para todos os tipos de leitores, desde os com pouca prática até os mais ávidos, quer tenham afinidades e interesses com o tema, ou simplesmente tenham coração aberto e empatia para viver, mesmo que brevemente, na pele de um negro no Brasil.