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Depois de Ver... O Narcisismo da (pater)maternidade

A dificuldade de tratar os filhos como pessoas com opinião e autonomia própria, tenham a idade que tiverem, é um dos maiores desafios da paternidade/maternidade. É comum, aos pais e mães olharem os filhos como extensão do próprio corpo, das próprias vontades, e ver nos filhos uma segunda chance de acertar em pontos que acreditam ter errado na própria vida.


Ver a prole como sua única e real obra ao mundo, faz parte do egocentrismo humano, de certa forma, inato a cada um, que nos faz considerar a perpetuação da humanidade sobre todas as coisas. As pessoas tendem a se encarcerar em conceitos de imortalidade, que quando conflitados pela fatal finitude da vida, tentando “burlar” a morte através da própria herança genética.


Assim surgem pessoas que colocam o ato de procriar como sua missão na terra, como se a simples presença de mais um humano no mundo fosse um bem a humanidade como toda ou ao planeta. Sejam essa crença nutrida pela cultura, pelo próprio ego, pela religião, ou pela simples necessidade de criar mão de obra para seu ramo produtivo. Essa premissa só poderia se tornar verdadeira se crermos que essa criança será de alguma forma especial, muitas vezes como os próprios pais não o são. E essa crença que nos remete mais uma vez ao egocentrismo de achar a si mesmo como especial, se não pelos atos, mas por trazer ao mundo o possível salvador.


Muitos questionam, “e quem cuidará de você quando velho?”, e se vê mais uma vez o egocentrismo presente. Colocar uma criança no mundo, para que, desde recém-nascida já carregue o fardo de se responsabilizar por outra vida no futuro, é um ato por si só egoísta.


De modo geral a sociedade em que vivemos no impele a procriação, como se essa fosse a única função da vida. Longe de mim levantar aqui a bandeira do antinatalismo*, corrente filosófica que promove e propaga a não procriação. O que levanto aqui é a importância da liberdade de escolha individual, e que a sociedade não lance seus julgamentos sobre aqueles ou aquelas que optem em não ter filhos. E aos que se proponham a ter, trate-os como mais do que pequenas cópias de si mesmo, trate-os como seres dotados de seus próprios gostos e personalidade.




*Antinatalismo ou anti-natalismo é uma posição filosófica que atribui um valor negativo ao nascimento. Antinatalistas argumentam que as pessoas devem se abster de procriar pois é um ato moralmente ruim (alguns também reconhecem a procriação de outros seres sencientes como moralmente ruim). (Winkpédia)


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