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Depois de Ver... ALÁGBÁRA

Sinópse: Livro que trata da criação de um mundo fantástico, onde um ser supremo chamado AGBÁIYE faz o universo junto de seu filho ÀIYÉ. Este, por sua vez, se expande e cria o mundo como conhecemos: homens, mulheres, sol, mar, ar, enfim... a nossa concepção de vida. A história tem início quando um sonho resolve experimentar sentimentos humanos, o que é proibido, e se torna o primeiro pesadelo, seduzindo outros sonhos. A seguir SÌGÌDÌ se torna a primeira representação do mal, dando início a

uma batalha entre sonhos e pesadelos. ALÁGBÁRA, um jovem sonho guerreiro, se apaixona por uma mulher humana ÌRÈTÍ, o que dá sequência a essa fábula de amor, luta e busca pelo equilíbrio cósmico. O livro trata de afetos, escolhas, causa e efeito. Tem como pano de fundo o protagonismo negro, as relações de amizade e a busca pelo equilíbrio. O conto se passa num universo paralelo em que a cultura de base África é a única e isso é mostrado no grafismo das ilustrações da cidade e de cada personagem.


A pesquisa da língua Yorubá para nomear pessoas e lugares é um diferencial do projeto, assim como: a valorização da imaginação em seu significado, 'sonhar acordado' e a potência para criação do futuro.


Herique André é um artista de múltiplas faces, é poeta, ator, roteirista e demonstra ser um escritor de qualidade em seu romance de estreia, criando um universo belíssimo, cheio de simbologias e mistérios. Enquadrado no Afrofuturismo, a construção do mundo fantástico é diversa e detalhada. A narrativa é permeada de diversas referências ancestrais e até referências a língua Ioruba.


A arte do livro é um espetáculo à parte, com ilustrações magnificas de Isaac Santos, que consegue traduzir visualmente, toda a construção de um mundo dividido entre uma batalha secular entre sonhos e pesadelos.


A primeira parte do da narrativa traz uma construção de mundo, muito referenciada nas lendas e histórias da mitologia africana, que explicam a motivação e a origem de serem místicos que interagem com o mundo terreno na segunda parte do texto. A forma lírica na qual a primeira parte do livro é trazida acaba contrastando um pouco com o conteúdo de mais ação das páginas posteriores. Ainda assim o livro tem uma leitura fluida, e passada a introdução, que pode acabar parecendo um pouco arrastada, a aventura decorre de forma rápida, provocando a curiosidade do leitor para conhecer mais desse mundo.


A construção das personagens segundarias acaba um pouco comprometida, como a ÌRETÍ, em algumas vezes faltando aprofundamento apesar de sua importância para a história. Uma exceção é o personagem principal, o jovem sonho ALÁGBÁRA, que tem sua curva histórica bem trabalhada, que apesar de um pouco maniqueísta, a dualidade apresentada pelo autor é bem trabalhada e fisga o leitor pelo carisma da personagem. A obra traz um universo muito interessante e atiça uma curiosidade sobre a possibilidade de expansão desse mundo tão rico.


As referências as religiões de matriz africana não fazem nenhum tipo de panfletagem, sendo abordadas de forma fantástica/mítica pelo o autor, ao meu ver sem desrespeitar as mesmas.

ALÁGBÁRA é um livro curto, de muita qualidade, recomendado para todo o tipo de leitor. Pode servir como uma excelente introdução ao universo Afrofurista, pelo olhar da fantasia.

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